EDIÇÃO 97


 

GAZETA CIDADÃ - Edição 97 (julho de 2015) - 16 anos
gazetacidada@ymail.com / jornalgazetacidada@gmail.com

CAPA
ACSP-Sudoeste organiza palestras
                                           
Foto: Cacildo Marques
PalestraACSP
Economista Ricardo Granja apresenta Dr. Ernani Parise (esq.) e Dr. Michel Herzig. Pág. 8.



Fórum debate Reforma Política
Foto: Cacildo Marques
ForumReforma
Jornalista Marina Bagnati, de blusa amarela, dirige reunião de orientação
sobre técnica de transmissão em-linha (streaming) durante as oficinas do
Fórum Social Temático Reforma Política a ocorrer no primeiro fim de semana de julho. Pág. 3.




CONCURSOS

TJ-SP oferece 217 vagas para juiz substituto

     
      O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) abriu edital de concurso público com o objetivo de preencher 217 vagas ao cargo de Juiz Substituto. A exigência é o diploma de bacharel em Direito, reconhecido pelo MEC, e três anos de atividade jurídica exercida após a obtenção do grau.
      O concurso está a cargo da VUNESP - Fundação para o Vestibular da Universidade Estadual Paulista - e a remuneração é de R$ 24.818,71.
      A inscrição será realizada pela internet (www.vunesp.com.br/ tjsp1504/), a partir das 9 horas do dia 15 de junho até às 16 horas do dia 17 de julho de 2015. A taxa é de R$ 248,18.
      A avaliação dos inscritos constará de (a) prova objetiva seletiva, de caráter eliminatório e classificatório; (b) provas discursivas, de caráter eliminatório e classificatório; (c) prática de sentença; (d) inscrição definitiva e sindicância da vida pregressa e investigação social; (e) exame de sanidade física e mental; (f) exame psicotécnico; (g) prova oral, de caráter eliminatório e classificatório; (h) avaliação de títulos, de caráter classificatório.
      A prova objetiva seletiva será aplicada na data prevista de 30 de agosto de 2015, com início às 9 horas e duração de 4 horas.
      O gabarito oficial da prova objetiva seletiva será publicado, no máximo três dias após a sua realização.
      O concurso terá validade de dois anos, contados a partir da data da publicação da homologação do resultado final, prorrogável, a critério do Tribunal, uma vez,



Índice desta edição

EDITORIAL EDITORIAL Afundando no Efeito Weimar................................................................
O primário do MEC.............................................................................................
FST debate Reforma Política...................................................................................
Lição de casa - Ivanir Pineda Sanches.........................................................................
João L. Marques lançou livro sobre Quarteirão.................................................................
O cinema elegante de S. Paulo - Diego Parma...................................................................
Sarau Roda da palavra.........................................................................................
Poesia - Cacildo Marques .....................................................................................
Caso do Azulzinho volta à estaca zero.........................................................................
A idade da Várzea do Itaí - Helcias Pádua.....................................................................
ACSP-Sudoeste continua com ciclo de palestras.................................................................
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EDITORIAL

Afundando no Efeito Weimar


      Iniciou-se em 1960 a luta sem tréguas dos brasileiros nas muitas e variadas trincheiras do combate à inflação. Desde então, um presidente foi deposto pelo Senado, em abril de 1964, o que resultou, depois de uma quinzena, no regime militar de 21 anos, e outro viu ser aprovado seu impedimento pelo Congresso Nacional, em setembro de 1992. Esses dois presidentes civis foram derrubados por um cidadão muito indesejado, chamado Aumento de Preços.
      Dentro do regime militar, de 1964 a 1985, o primeiro dos presidentes teve sua trajetória interrompida por acidente de avião, enquanto que o segundo morreu em consequência de trombose, vindo a ser substituído durante um mês pelo triunvirato formado pelos comandantes das três armas, em dezembro de 1969. Só depois disso é que os generais governaram sem muitos sobressaltos, montados num relativo controle da inflação, acoplado a um modelo de repressão política. Em 1985, o último presidente general, o “rapaz que está fazendo tudo errado”, segundo seu antecessor, tentou impor mais um militar, um coronel do Exército, mas viu-se derrotado, primeiro na convenção do partido governista, por Paulo Maluf, depois no Congresso, pela chapa Tancredo-Sarney. O descontrole inflacionário, que abriu as portas ao governo militar, foi o mesmo que os tirou de campo. Com a alta de preços voltando com força, só um milagre poderia dar a vitória a mais um homem militar naquela trajetória, mesmo com todo o entulho autoritário de que o regime ainda dispunha. Não se pode tirar o mérito da luta civil nesse desfecho, mas foi triste para o país ter sido ajudado por aquele senhor indesejado do parágrafo acima.
      O que os militares não obtiveram, derrotar a inflação, tampouco os civis conseguiram.
      Como cobaias dessa aventura insana de viver sob Efeito Weimar (Prof. Dr. Phillip David Cagan), os brasileiros fomos, como objeto de estudos, responsáveis por grandes avanços na área econômica da academia. Milton Friedman deixou escrito que foi com base nas políticas brasileiras dos anos sessenta que ele percebeu a necessidade de refazer a empírica Curva de Phillips (que relacionava inflação e emprego).
      Talvez o Prof. Cagan, que morreu em 2012, tenha deixado de investir em seu conceito-chave de Efeito Weimar, que relaciona empobrecimento da população ao transtorno causado por inflação como a da República que os alemães criaram no meio do mato. Teria sido de grande valia notar que os alemães insistiram na loucura Weimar mesmo depois do “putsch” de Wolfgang Kapp, em março de 1920, e do “putsch” da Cervejaria, do austríaco paranóico, Hitler, em novembro de 1923, mas que depois do Plano Marshall, em 1948, e da construção do Muro, em 1961, jamais os alemães se arriscaram a tirar seu presidente da capital Berlim. O governo da Alemanha Federal ficou em Bonn, até 1990, por necessidades incontornáveis de geografia política, mas não a presidência da República.
      Quanto a nós, se a capital do Brasil fosse Berlim, a presidência estaria até hoje em Weimar, onde gostamos de mergulhar e afundar.



EXPEDIENTE

Gazeta Cidadã

Presidente da Ong OCDC:
Cacildo Marques
Jornalistas Responsáveis:
Cacildo Marques - MTb 73701
e Roldão Soares Filho - MTb 37108

Editor: Cacildo Marques
Impressão:
Gáfica Abjad 7857-4174
Uso livre, citada a fonte. Publicidade:
Toufic Attar

Colaboradores: Renata Polydoro, Francisco Gonçalves de Oliveira, Rogério Chiavassa Neto, Frederico Lazarini Ferreira, Renato A. Ricardo, Toufic Attar, Werner Regenthal, Guilherme Bonfim, Werbster Gomide, Nilton Moura, Aída Schwab, Cidinha Finimundi, Fredi Jon, Sheyna Adamo, Diego Parma, Eliseu Gabriel, Dr. Raul Marinheiro Jr., Nabil Bonduki, Sandra Pandolfi, Luiz Gabriel Di Pieri, Loiola Carneiro, Viviana Bosi, Olívia Raposo da Silva Telles.

Redação: Rua Dr. Silvio Dante Bertacchi, 429 (Cursão)
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A Gazeta Cidadã (Jornal da Vila Sônia) é uma publicação da Organização Cultural de Defesa da Cidadania – OCDC





ENSINO

O primário do MEC (federalização)


      A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou dias atrás projeto de lei do Senador Cristovam Buarque que determina a federalização do ensino fundamental no país. É difícil imaginar uma decisão mais extemporânea.
      Desde os tempos da colônia existe o debate sobre quem deverá gerir o ensino primário. A dificuldade em se bater o martelo vinha da carência, porque isso se assemelhava àquela discussão da casa que não tem pão (“todos brigam e ninguém tem razão”). Sob defesa filosófica de Anísio Teixeira, nos anos quarenta, firmou-se o entendimento de que a gestão desse nível de ensino cabe aos municípios. Era o primário, não o ginasial. No entanto, com o problema agudo das verbas, muitas cidades do interior do país tinham seus professores de alfabetização remunerados com produtos que as crianças traziam das lavouras de seus pais, como frutas, legumes e até farinha de mandioca. O ensino era oficial, mas a verba não chegava. Isso veio até poucas décadas atrás.
      Enfim, um discípulo de Anísio Teixeira nos caminhos da Educação, Senador Darcy Ribeiro, elaborou em 1996 um sistema complexo de dotação orçamentária para que os municípios pudessem garantir autonomia na gestão do ensino elementar. Era o Fundef, Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental, um sistema de repasses de verbas do governo da União para os governos locais. A presidência da República à época, recomendou que o Senador o destacasse de seu então projeto de Lei da Educação (LDB), para que fosse votado à parte, evitando riscos de deformação na tramitação. Assim foi feito. Hoje o mecanismo se chama Fundeb, mas mantém a natureza original. Para que a remuneração com abacaxis e pepinos não voltasse, o Congresso Nacional aprovou nos últimos anos o piso nacional da carreira docente. Muitas unidades federativas continuam pagando menos que o devido, mas a pressão é grande e, cedo ou tarde, todos alcançarão o objetivo.
      Esse caminho cheio de degraus vem do fato de que abolir a federação, como vem fazendo o Ministério das Cidades, criação do PP para asfaltar ruas no lugar dos prefeitos, é uma sanha antidemocrática, que agradava muito a líderes como o Vargas do Estado Novo. Alguém precisa avisar ao Senador Cristovam que, se propostas como as dele avançam, logo os prefeitos serão apenas cicerones, organizadores de festinhas, antes de desaparecerem.










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CONVIVÊNCIA

Em sentido ao olho d'água


Maria dos Prazeres Garcia Martins*

      Solitude, palavra de acalanto.
      Para uns, estar em companhia de si próprio chega a ser prazeroso. É uma condição que leva à reflexão.
      Um momento em que a pessoa pode escutar o que carrega dentro de si.
      É como quando estamos na praia dentro d’água e queremos enxergar o fundo.
      Paramos e ficamos quietos, até que se assente a areia. Então a água se torna clara, permitindo ver o que a atravessa.
      Voltando a nossa tão movimentada sociedade, observamos certa dificuldade de troca, interação e posicionamento em relacionamentos de todos os tipos.
      Nesse contexto, a palavra solidão é mal-vista, vai contra a corrente. Então da necessidade origina-se a doce palavra.
      Solitude é diferente de solidão.
      Da primeira nasce a própria intimidade. Estando consciente do nosso íntimo, podemos estabelecer relações genuínas de intimidade com nossos semelhantes. Mandando a solidão para bem longe.
      Satisfeitos conosco e com os outros, conhecemos a felicidade.

(*) Maria dos Prazeres Garcia Martins é educadora









POLÍTICA

Fórum Social Temático debate Reforma Política


      O MCCE, Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, que já conseguiu fazer aprovar a Lei da Ficha Limpa, juntou-se à OAB, à CNBB e mais uma centena de entidades com o objetivo de influir na tão discutida Reforma Política ora em curso no Congresso Nacional. Como é sabido, muitas das votações já feitas pela Câmara dos Deputados caminham em sentido bem diferente do proposto por esse coletivo. Para aprofundar a discussão, foi criado em São Paulo o Fórum Social Temático Reforma Política.
      Nos dias 3, 4 e 5 de julho o Fórum Social Temático tem uma programação intensa sobre a questão, a realizar-se na Universidade Nove de Julho, Uninove, Av. Francisco Matarazzo, 364.
      A abertura ocorrerá às 20h, no dia 3, sextafeira. Comporão a mesa a organizadora do MCCE, Caci Amaral, e mais Chico Whitaker, Laura Capriglioni, Oded Grajev, Raimundo Bonfim, Luciano Santos, José Correa e Rachel Moreno, entre outros. A apresentação de um coral encerra as atividades desse dia.
      Nos dias 4 e 5, sábado e domingo, dentro do tema do encontro, Fórum Social Temático Reforma Política pela Democratização do Poder, serão apresentadas oficinas sobre 12 eixos, entre os quais (a) Sistema eleitoral e financiamento, (b) Democracia direta e participativa, (c) Sistema político, (d) STF, (e) Democratização dos meios de comunicação, (f) Combate à corrupção e (g) Transparência.
      A Gazeta Cidadã participará na tarde de sábado da oficina sobre Democratização dos meios de comunicação, em debate no qual estará inserido também o tema da representação feminina na política.
      No domingo os trabalhos irão até as 12h. Em seguida, os participantes farão uma caminhada por dentro do Memorial da América Latina, terminando com um abraço à estátua da mão sangrando, conforme acerto já feito com o Presidente do Memorial, cineasta João Batista de Andrade.







APRENDIZAGEM

Sobre a Lição de Casa


Ivanir Pineda Sanches*

      Atualmente muito se tem falado em lição de casa, como se ela tivesse saído de cena em algum momento da vida escolar. No Brasil a lição de casa já existia na época dos jesuítas, com o Ratio Studiorum, que unificava o procedimento pedagógico dos jesuítas nos colégios da Companhia de Jesus. Recomendava que o professor não se afastasse do estilo filosófico de Aristóteles, assim como da teologia de Santo Tomás de Aquino, e também estabelecia a prática de enviar tarefas escolares para fazer em casa.
      Nos Estados Unidos, a lição de casa surgiu em meados dos anos trinta, como parte integrante de um método de ensino para atender estudantes da zona rural, pois eles não podiam ir para a escola todos os dias. Porém, uma das hipóteses é a de que a origem dos deveres de casa esteja nas lições sugeridas por Comenius ou através da educação proposta por Herbart. Comenius prescrevia a repetição de exercícios, comparando o homem a uma árvore que necessita de cuidados para dar bons frutos. A bela escrita, importante na resolução dos negócios, assinalou a importância das cópias.
      A escola tradicional de Herbart também orientava a aplicação do aprendizado por meio da prática de exercícios em casa. Suas ideias foram ampliadas influenciando a escola no século XIX. A teoria herbartiana consistia de passos ou fases, que eram: clareza (mostrar); associação (associar); sistematização (ensinar); método (filosofar). O “método” seria o possível gerador da lição de casa, pois atribuía ao aluno a tarefa de realizar exercícios em casa, sozinho.
      Textos oficiais da França sinalizam um desmembramento gradual das atividades de sala de aula para além do horário escolar. No ensino primário, a preocupação com a eficiência dos deveres escritos fora da escola indicou às crianças mais tempo de estudo das lições, repassando para a família parte da responsabilidade da aprendizagem. Surgiu então o conflito entre as famílias que apoiavam e as que achavam a prática desfavorável.
      No Brasil, quando a aprendizagem era bastante confundida com memorização, a lição de casa passou a ser uma forma de ocupar a criança com exercícios de repetição. Mas, com a mudança do conceito, considerando a aprendizagem como um processo de construção individual de conceitos e idéias, a lição de casa mudou de forma. Entretanto, em algumas escolas, e na visão de alguns pais, essa prática continua sendo entendida de forma arcaica. Enquanto alguns professores propõem os deveres de casa como castigo ou punição, outros os veem e planejam como oportunidade de desenvolvimento, momento em que o aluno se depara com desafios, revê e amplia conceitos, fazendo relações com o conteúdo trabalhado em aula e a sua própria realidade de vida.
      O dever de casa deve contribuir para a formação pessoal e ser contextualizada com o planejamento escolar para que promova a formação integral da criança. Portanto, cabe ao professor orientar a criança em cada lição e esclarecer com clareza os objetivos, pois a lição de casa, além de criar o hábito de estudo, contribui para a construção de responsabilidade e autonomia.
      Em consequência, é fundamental a parceria entre a família e a escola. Os conflitos aparecem quando os pais acham que os filhos trazem para casa lições demais, ou de menos. Uns por um lado se queixam de não dispor de tempo para ajudar o filho, outros que os professores não dão tarefas suficientes. Temos ainda aqueles pais que fazem as tarefas pelos filhos, sonegando deles a oportunidade de assumir a responsabilidade e criar autonomia.
      Para favorecer o bom desempenho da criança com a lição de casa é importante o bom diálogo com o professor, entender as propostas, ajudar a criar uma rotina de estudo, incentivar, criando um espaço da casa para este fim.
      O professor não terá condições de avaliar a evolução da criança se a lição tiver sido feita pelos pais ou irmãos. Quanto a isto, cito apropriadamente Albert Einstein, quando disse: “Não ensino meus alunos. Crio condições para que aprendam”.
      Importante também ter a consciência de que dar bronca, sermão e colocar de castigo são medidas que não ajudam a criança a ser um aluno responsável. A Lição de Casa pode ser um instrumento importante de aprendizagem quando a família e a escola interagem em parceria e se empenham em cumprir suas responsabilidades, pois educar significa conduzir, mostrar o caminho.

(*) Ivanir Pineda Sanches é coordenadora da EMEF Marechal Deodoro da Fonseca, Matemática, Pedagoga e Escritora












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LIVRO

João Luiz Marques lançou livro inspirado no Quarteirão da Cultura



      Na Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo, deu-se o lançamento, no dia 30 de junho, do livro “Os meninos da Biblioteca”, do jornalista João Luiz Marques. Em mais uma aventura de seu personagem mirim, Heitor, o autor conta a história da luta do personagem contra a demolição de uma biblioteca.
      Nessa aventura, Heitor não luta sozinho contra os inimigos. Os personagens dos livros que ele aprecia saltam das páginas para ajudar na luta pela preservação de seu habitat, que é a biblioteca.







DIVERSOS



Teatro - Biografia - Sarau


      Pé de Vento no CEU Butantã

      No dia 13 de junho estreou no CEU Butantã o Projeto Pé de Vento, trabalho teatral envolvendo jogos e cenas, com os atores Gustavo Saulle, Jonatã Puente e outros, sob direção de Wanderleu Piras e Milene Perez.

      Biografia de Mario Schenberg

      A professora Dina Lida Kinoshita publicou recentemente o livro “Mario Schenberg – o cientista e o político”, 300 págs, biografia do notável físico que, além de político, era crítico de artes, e participou de grandes momentos do desenvolvimento da ciência mundial. Para adquirir a obra, contacte: lidadina@gmail. com .

      Aliane Sousa cantará no Quarteirão

      Aliane Souza, 26 anos, paraense de Belém, tem dez anos de vivência no canto lírico.
      Aliane Sousa, veio para São Paulo, com objetivo de aqui desenvolver sua carreira. Entre as premiações que conquistou em sua trajetória, até o presente, a mezzo-soprano obteve o 4º lugar no Salvalarico 2012, o concurso de canto lírico, com recursos do Fundo de Cultura do Estado da Bahia, que a credenciou ao curso de pós-graduação em Portugal.
      Em São Paulo, a cantora já se apresentou no Sarau Bodega do Brasil, edições itinerantes realizadas no Mercado Municipal e na Estação Dom Bosco da CPTM, sob patrocínio do PROAC (Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo); também no “Coreto” da Praça Floriano Peixoto, em Santo Amaro, durante o evento Dia do Desafio - do SESC, no Sarau “Beco dos Poetas”, “Sarau do Jornal” (realização do jornal Centro em Foco) e “Samba da Vela”.
      Participou da 11ª Virada Cultural de São Paulo integrando o palco de Saraus, convidada pelo Sarau Bodega do Brasil. Neste dia 13 de junho, 14h, estará no Sarau Roda da Palavra, na Biblioteca Anne Frank (Rua Cojuba, 45).







EQUIPAMENTOS CULTURAIS

O cinema elegante de São Paulo (CineSala)


Diego Parma*


      “O inverno cobre minha cabeça, mas uma eterna primavera vive em meu coração.” Victor Hugo – poeta francês – viveu aproximadamente cem anos antes da estreia de um clássico de nosso cinema: Esse rio que eu amo, dirigido por Carlos Hugo Christensen e roteirizado por Millôr Fernandes. O longa-metragem, dividido em quatro contos, tem como pano de fundo o carnaval carioca, e estreou o cine Fiammetta, em julho de 1962, quando, assim, o inverno cobria o Hemisfério Norte e, consequentemente, a cidade de São Paulo. O contraste entre o enredo da obra e o clima que pairava sobre a cidade foi, acredito eu, involuntário, mas quem disse que a arte também não subsiste nas menores das observações?
      O Cine Fiammetta, cujo nome deriva do italiano fiamma (fogo), combinado com um sufixo diminutivo, possuía o título deste artigo como slogan, e após passar por diversas reformas e também por inúmeros nomes, como Sala Cinemateca e IG Cine, ele passou a se chamar, em 2010, Cine Sabesp, o qual, em 2014, foi reformado mais uma vez, nessa última mantendo detalhes da arquitetura original dos anos 60. Por fim, atualmente o cinema – localizado na Rua Fradique Coutinho, 361 - Pinheiros – chama-se Cinesala, pois recentemente, em 2015, a Sabesp deixou de patrocinálo. O Cinesala possui em sua sociedade Adhemar Oliveira (do Espaço Itaú de Cinema e Cine Livraria Cultura), Paulo Velasco, Rodrigo Makray e o ex-jogador Raí Oliveira.
      Após tantas mudanças e visível esforço em se manter de pé no mesmo lugar, evidentemente não vale a pena não conhecer esse bravo equipamento cultural.

(*)Diego Parma é músico e escritor - diego.parma@hotmail.com









SAÚDE: Modelo de gestão colapsa

      O Vereador Eliseu Gabriel recebeu em seu gabinete uma comissão de moradores do Butantã, incluindo funcionários, conselheiros e usuários do sistema público de saúde, tendo em mãos um abaixoassinado de aproximadamente cinco mil assinaturas cobrando providências para o problema do fim dos contratos de gestão das Organizações Sociais nas Unidades e nos Centros de Saúde da região.
      Com a entrada das entidades privadas na gestão, nos últimos anos, muitos funcionários pediram exoneração para passar a fazer parte das novas administrações, que ofereciam salário aparentemente maior que o serviço público. Com a queda na arrecadação trazida pela crise iniciada em fins de 2012, Estado e Prefeitura não têm mais como manter a mesma oferta àquelas entidades gestoras. Os contratos agora apresentados ficaram muito aquém do esperado por elas. Como resultado, a maior parte já avisou que não aceitará as novas condições. Agora o sistema corre o risco de ficar sem funcionário e sem terceirizados.



Resposta do Benjamin (Peirce),
da pág. 8:
3-4-2/ 7-4/ 6-3-2/ 4-5/ 9-1-9-2









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CULTURA

Sarau Roda da Palavra

Convite: Sarau Roda da Palavra

Dia: 13 de kulho de 2015.
Horário: 14 às 16h.
Local: Biblioteca Anne Frank - Rua Cojuba, 45.

Show da cantora lírica Aliane Sousa.
Organização e apresentação: Joyce Neia.







HUMOR

Os Clecs de Eno Teodoro Wanke - Imaginações Letras F e G


Fervura. Quando começa a ferver, o líquido da panela se põe a falar a linguagem das borbulhas.

Flor. Quando alguém colhe uma flor, há sempre um colibri inquieto e triste, chorando de saudades da amiga sacrificada.

Formiguinhas. O trem das formiguinhas transporta, sem parar, o minério verde das árvores para dentro da terra.

Fósforo. Tinha personalidade, o fósforo. Era só forçar um pouco a cabeça, e esta explodia em fogo.

Futuro. Para a frente, o farol da esperança perscruta o futuro. Para trás, o farolete da lembrança ilumina o passado.

Garfo. Enquanto o garfo a imobiliza à força, a faca vai cortando impiedosamente os pedaços do bife em nosso prato.

Garrafas. Quando chegam ao caminhão de refrigerantes, as garrafas saem dele pesadas e sonolentas. Mas, em compensação, voltam a ele lépidas e alegres, sapateando vivamente dentro dos engradados.

Gavetas. Quando as gavetas saem de seus esconderijos, dão uma rápida espiada no mundo, assustam-se e voltam de novo para a sua abençoada solidão.

Gigante. Mamãe, socorro! Há um gigante parando os carros na esquina. Um gigante, sim, com três olhos enormes, piscando. Um é verde, outro amarelo e o terceiro, vermelho.

Gioconda. Meninos, eu estive no Louvre, e verifiquei. Todos aquele turistas querendo vê-la. e a Gioconda mofando deles.

Gordo. O menino era tão gordo que parecia um elefante, de trombinha pequenininha, lá embaixo.

Gripe. Durante a gripe, quem mais chora é o nariz.

Guarda-chuvas. Nos dias chuvosos é que os guarda-chuvas se encontram e se cumprimentam, por cima da cabeça de seus donos.





CANTINHO DA POESIA

Escreve poesia com olhos fechados: não deixes que escapem sonhos pelos dedos.


Soneto da Imprensa

Cacildo Marques

Não temos como separar
A liberdade dos daqui
Da dos que vivem, não por si,
Sem horizonte em nosso mar.

A liberdade que despi
Para uso meu e de meu par,
Que viva ou não no mesmo lar,
Vale na Ucrânia ou no Haiti.

Se temos receitas de grade
Para enquadrar a liberdade,
Dizendo: um pode, o outro, não,

Melhor vivermos bem calados,
Sem lançar mão, em nossos fados,
Da liberdade de expressão.



Soneto da Inquietude

Diego Parma

Inquieto coração, enxerga a luz!
Reduz meu sofrimento que corrói!
Caminho desdenhável não seduz
Perpetuou-se, então, meu anti-herói

À noite perambulo em tempos nus
Cercado como as vilas de Hanói
Guiado à via-sacra em minha cruz
Assaz embaraçosa como sói

Padeço ao infortúnio de outrora
Lembranças jazem, cá, sob minha aurora
E ventos uivam, pois, na solidão

Na qual eu me deleito amortecido
Com ar de um mistério ressurgido
Rogando eternamente paz, em vão.














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ACONTECEU

Notas daqui


Juros. Visando reduzir ainda mais o volume de empregos no mercado, o Banco Central elevou em 0,5% a taxa básica de juros, Selic, que passou de 13,25% para 13,75% (03/06).

General. Morreu no Rio o General Leônidas Pires Gonçalves, 94, exministro do Exército, que auxiliou o Presidente Sarney na transição do regime militar para o regime civil em 1985 (04/06).

Biografias. O STF decidiu, por 9 votos a 0, que biografias, para serem publicadas, não dependem de autorização do biografado ou de seus parentes (10/06).

Travessia. Morreu em Belo Horizonte o compositor Fernando Brandt, parceiro de Milton Nascimento em “Travessia” e muitas outras canções (12/06).

Pedaladas. O TCU, Tribunal de Contas da União, deu mais um mês â Presidente Dilma Rousseff para explicar o problema das “pedaladas” fiscais, os atrasos nos repasses de verbas aos bancos públicos em época eleitoral (17/06).

Venezuela. Uma comissão de oito senadores de oposição ao governo brasileiro foi impedida com bloqueio de trânsito feito por manifestantes chavistas a visitar presos políticos daquele país (18/06).

Odebrecht. Marcelo Odebrecht, presidente da maior empreiteira brasileira, e Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, segunda maior, foram presos preventivamente no processo da Operação Lava Jato, sob ordens do juiz Sérgio Moro (19/06).

Dilma. Pesquisa Datafolha mostra Dilma Rousseff com 65% de reprovação (ruim/péssimo) entre os brasileiros, 24% de regular e 10% de ótimo/bom, ou aprovação (20/06).

Homicídios. Segundo a Polícia Militar, o Estado de São Paulo teve em maior a menor taxa de homicídios desde que se iniciou a série histórica em 2001, baixando-a para 9,52 em 100 mil habitantes, considerada taxa civilizada, que tem limite em 10 para 100 mil habitantes (25/06).

Petrobras. O Conselho de Administração9 da Petrobras aprovou corte de 37% nos investimentos da empresa até o ano de 2019 (26/06).




Notas dali


Suíça. Joseph Blatter, recém-eleito para mais um mandato na presidência da FIFA, cargo que vinha ocupando desde 1998, renunciou, após Os Estados Unidos revelarem que ele está envolvido em investigações do FBI (02/06).

Turquia. O partido do presidente Erdogan perdeu a maioria absoluta que detinha no parlamento turco, o que esvazia seu propósito de instalar o presidencialismo (08/06).

Combustíveis. Angela Merkel, Barack Obama e os outros cinco líderes do G7 assinaram documento do qual consta a determinação de abandono dos combustíveis fósseis até 20100 (08/06).

Dominique. Dominique Strauss-Kahn, ex-presidente do FMI, foi absolvido da acusação que o derrubou do cargo, que era de prática de proxenetismo, concluindo o tribunal que ele era apenas usuário comum de serviços de prostituição (12/06).

Zoológico. Pelo menos um homem foi morto por um tigre do zoológico de Tbilísi, capital da República da Geórgia, após tempestade e inundação destruírem o equipamento público, de onde fugiram muitos animais perigosos (14/06).

Gordura. A agência FDA, Food and Drug Administration, dos EUA, decidiu proibir o uso de gordura trans pela indústria alimentícia do país, dando três anos de prazo para a adequação à norma (15/06).

Charleston. Nos EUA, um jovem branco de 21 anos matou a tiros nove pessoas negras que faziam estudo bíblico numa igreja metodista de Charleston, Carolina do Sul, após ter participado do estudo (17/06).

Encíclica. Com título em italiano, Laudate Sí, foi divulgada a primeira encíclica do Papa Francisco, tratando das questões ambientais (18/06).

Tunísia. Atirador de 23 anos matou 38 pessoas em praia de Sousse, litoral da Tunísia, após o grupo fanático Estado Islâmico ordenar ataques contra infiéis no mês do Ramadã (26/06).

Kueit. Np mesmo dia do atentado da Tunísia, o Kueit teve a explosão de um homem-bomba em uma de suas mesquitas xiitas, com 27 pessoas mortas, e no sul da França um homem decapitou seu próprio patrão (26/06).









RADAR

Rede Butantã reúne-se no Lar Criança Feliz


      Conforme noticiado na edição de junho da Gazeta Cidadã, a Rede Butantã de Entidades e Forças Sociais sofreu ataques de um grupo que não aceita trabalhar em conjunto com as Ongs da região, e esse tema ocupou parte substancial das discussões na reunião ordinária do mês, que ocorreu na Subprefeitura do Butantã. Fez-se então uma segunda reunião, à noite, no dia 25, para continuar os temas e tratar, principalmente, da questão do transporte público, dada a iminente licitação das linhas de ônibus da capital de São Paulo.
      A reunião de julho ocorre no dia 1º, quarta-feira, 9h, no Lar Criança Feliz, dirigido por Mário Martini, no Distrito Raposo Tavares. O tema dos transportes será central no debate.



Jubileu de Diamante


      Depois de algumas reuniões canceladas, membros do grupo que preparam a Festa do Jubileu de Diamante da Paróquia São Benedito ficaram um tanto desorientados quanto à continuidade dos trabalhos. Para não haver desistências, outra parte propõe que as reuniões continuem a ocorrer na última sexta-feira de cada mês, conforme acertado no início do Ano Jubilar. A festa, como se sabe, será celebrada no dia 28 de outubro, junto ao do aniversário da Vila Sônia, que abriga a paróquia (Rua Dr. Silvio Dante Bertacchi, 505).





TRANSPORTE

Caso do Azulzinho volta à estaca zero


      Buscando sempre informar o leitor, a Gazeta Cidadã acompanhou a luta dos moradores da Vila Gomes e de todo o Butantã pela restauração da Linha de ônibus 577T, Vila Gomes - Jardim Míriam. Depois de muitos abaixo-assinados e muitas manifestações de populares, a Secretaria Municipal de Transportes finalmente aceitou negociar e contemplou a região não com a linha original, mas com uma que cumpria parte do trajeto. Em lugar do trajeto Vila Gomes até Jardim Míriam, veio uma linha, da cor laranja, ligando a Vila Gomes ao Trianon, na Avenida Paulista.
      Os usuários esperavam que a nova linha se estendesse pelo menos até a Estação Paraíso do Metrô, por onde passa linha que segue para o Jardim Míriam, vindo do centro da cidade. Dessa forma, a quem pegou o ônibus no Butantã, bastaria descer no Paraíso e esperar na Av. 23 de Maio o outro da Linha Jardim Míriam, para então seguir rumo a Moema, Cupecê, e assim por diante. Assim, a luta do Azulzinho continuou, não mais para restaurar a linha completa, mas para esticar um pouco a linha oferecida, porque, sem isso, a pessoa tinha de descer na Estação Trianon, entrar no Metrô, seguir até a Estação Paraíso, e só então entrava no ônibus Jardim Míriam.
      No meio dessa batalha, os moradores do Butantã foram surpreendidos com o novo desenho das linhas de ônibus que farão parte da nova licitação, que vigorará por vinte anos. No novo projeto, não há nem a linha nova, Vila Gomes - Trianon. Ela foi cancelada.
      Uma manifestação foi convocada para a Praça Elis Regina no dia 27 de junho, às 14h. Como era de se esperar, o afluxo de manifestantes foi pequeno, porque o problema só se configurou para os que tiveram acesso à proposta, divulgada na página web da Secretaria. A imensa maioria dos usuários da linha continua achando que ela não corre nenhum risco.












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O ITAIM BIBI EM FOCO

Qual a idade da Várzea do Itaí


Helcias Pádua*

      Por volta de 1560 a Várzea do Itaí abrigava índios da tribo do cacique Cayubi, a pedido dos jesuítas, com a fi nalidade de impedir ou combater possíveis invasores das terras “dos Pinheiros”, vindos pelo Rio Jurubatuba ou pelo Caminho dos Aliados, atual Rua Leopoldo Couto de Magalhães Jr., e mesmo pela Trilha dos Tropeiros, agora Rua Clodomiro Amazonas e ex-Rua da Ponte. De outra forma mais fundamentada teríamos de consultar historiadores, geólogos, cartógrafos, arqueólogos, geógrafos e comparar tudo isso com as citações dos livros, documentos, mapas e assentamentos patrimoniais.
      Em 1896, José Vieira Couto de Magalhães adquiriu de Bento Ribeiro dos Santos Camargo extensas áreas alagáveis quando das cheias do Rio Grande das Pedras (ex- Jurubatuba), que compunham o Sítio do Itaí. Consta que tais terras antes pertenceram a outros proprietários, incluindo a Ana Joaquina Duarte Ferraz. Aumentou a propriedade, adquirindo de Theodoro Feliciano da Luz a área vizinha denominada de Chacrinha, talvez o motivo de toda região passar a ser chamada de Chácara do Itai, depois, de Itahym, mesmo com os mais 140 alqueires. O militar nunca utilizou a propriedade como residência fi xa, via-a como local para o lazer e pescarias, beirando um ribeirão e diversos afl uentes. Dois anos depois de comprá-las, morre no Rio de Janeiro (14/09/1898), sendo enterrado no Cemitério da Consolação, SP. Portava a patente de General Brigadeiro oferecida por D. Pedro II, seu grande amigo, em gratidão aos serviços prestados na defesa da fronteira mato-grossense, durante a guerra com o Paraguai.
      Os originais limites dessa extensa propriedade eram: início na escarpa oeste do Morro do “Caaguaçu”, signifi cando “local de mato alto”, ou lembrando a presença de exemplares da enorme arvore “caá-guaçu”; seguindo, alargava-se até a margem direita de um curvilíneo fl uvial, o Rio Grande das Pedras (Pinheiros); lateralmente, um estradão em direção ao Sítio de Santo Amaro e, do outro lado, atingindo um riacho, o Córrego Verde, atualmente semicanalizado, escondendo suas imundas águas por entre resistentes casas da região da Vila Madalena e sob as ruas do Jardim Europa e Paulistano, sem antes separar o moderno Shopping Iguatemi, do tradicional Esporte Clube Pinheiros, fi nalmente desaguando no agora fétido canal dos Pinheiros. Atingiam as terras de José Pacca, esparramando-se pouco além do Córrego Uberabinha, atual Av. Hélio Pellegrino, abordando a margem direita do Jurubatuba. Outros descrevem que se alargava muito além do Córrego da Traição, atual Av. Bandeirantes.
      Advogado e militar, José Vieira era exímio político. Serviu o Segundo Império, como Deputado e Secretário no governo de Minas Geral, depois sucessivamente nomeado Presidente das Províncias de Goiás (1863-64); do Pará (1864-66); do Mato Grosso (1867- 68); de São Paulo, por apenas sete meses (10/6-16/11/1889); Incansável desbravador pediu para D. Pedro II dois navios de madeira que navegavam no Rio Paraguai, MT, desmontando-os, carregou centenas de mulas e foi até o Rio Araguaia. Lá chegando conseguiu remontar e navegar com apenas um. Nesse retorno aos estados de Goiás e Pará, fez contatos com silvícolas, realizou várias obras de engenharia e advogou, muitas vezes defendendo os mais necessitados. Em São Paulo exerceu a última presidência imperial dessa província, apenas entre os meses de junho até 16 de novembro de 1889, dia em que foi “a contra gosto”, conduzido ao Rio de Janeiro. Negava entregar o governo aos republicanos. Encarcerado por pouco tempo, é orientado a deixar o Brasil. Percorreu a Europa e ao retornar foi preso e novamente solto. Colaborou em ações de oposição ao governo republicano. Numa ironia do destino, quem assumiu a junta provisória governativa em São Paulo, logo após a Proclamação da Republica, (de 16/11 a 14/12/1889), e em seguida nomeado por Deodoro da Fonseca, Governador de Estado, permanecendo no cargo até 18/10/1889, portanto sucedendo o general sob novo regime político, foi o seu ex-aluno, Prudente de Morais, do tempo que lecionou Filosofi a no Colégio São Bento, SP.
      O mineiro de Diamantina iniciou os estudos no Seminário de Mariana, MG, estudou matemática na Academia Militar do Rio de Janeiro, frequentou o curso de Artilharia de Campanha em Londres, e Bacharelouse pela Faculdade de Direito de São Paulo, em 1859, doutorando-se em Direito em 1860. Incursionou pela medicina, química e engenharia, além de pesquisar astronomia e fi losofi a. Escritor, folclorista e indianista, é dele a autoria do Primeiro “Dicionário Português-Tupi”, e entre outros romances escreveu “O Selvagem”.
      Falava francês, inglês, alemão, italiano, tupi e numerosos dialetos indígenas. Fundou em 1885 o primeiro observatório astronômico do Estado de São Paulo, na sua chácara em Ponte Grande, às margens do rio Tietê. Desafi ando normas morais da época, quando da permanência na França, pós-queda do II Império, em delírio, relata no seu “Diário Íntimo”, pessoais quadros venéreos e torrenciais experiências homo e heterossexuais. Nunca se casou, porém teve várias companheiras, desde tupis, brasilianas e européias. Uma delas foi Dona Gabriela, a que fi cou com parte das terras paulistanas, aquelas que iam desde a Alameda Jaú até a Avenida São Gabriel, atualmente região dos bairros do Jardim Paulista e Jardim Primavera. Tal posse alimentou por várias dezenas de anos, acirradas brigas entre as famílias favorecidas ou não pelo legado do general. Os primeiros itahyenses titulavam de o “Morro da Viúva”, as terras acima da então Rua Anajás, ironizando a “viúva sem nunca ter sido”. A avenida que substitui essa rua leva o nome de Av. São Gabriel em agradecimento à doação do terreno feita pelos seus descendentes, onde foi erguida uma capela e depois a Igreja São Gabriel.
      O herdeiro direto e ofi cialmente reconhecido foi o seu fi lho José Couto de Magalhães, “o Mameluco”, fruto de relação amorosa com uma índia do Pará. Porém, após precoce falecimento do jovem e pela quase perda do patrimônio familiar resultante de má gestão, o tio e médico Leopoldo Couto de Magalhães, irmão do general, adquiriu parte do espólio (1907), resgatando-o em leilão público, por 30 contos de réis. Iniciava-se a efetiva ocupação do Sítio do Itaí, logo retalhado entre os herdeiros diretos, acompanhada pela venda de algumas das terras a outras pessoas. Os compradores, estranhos ao clã Couto de Magalhães, eram na maioria oriundos dos cortiços da região do Bexiga, SP, e das confi nadas moradias envoltórias ao Morro do Caaguaçu, como era denominada a extensão lateral da atual Av. Paulista. Contínuas repartições e revendas foram ocorrendo no passar dos anos.
      As primeiras trilhas ou ruelas separando as roças recém-formadas surgiram entre 1910 e 1920, com lotes ocupados por emigrantes italianos e portugueses, sem esquecer-se dos negros fugitivos, alforriados ou libertos, distribuídos em pedaços de terra anteriormente ocupados, por exemplo, os integrantes de um quilombo cujo habito era atacar, “à traição”, os forasteiros, tropeiros ou viajantes que aventuravam percorrer as margens dos riozinhos e regatos. Talvez daí originandose uma das versões dadas á denominação de o “Córrego da Traição”. Os córregos que corriam pelo Itaí como verdadeiras artérias transversais eram: o da Traição; o Uberabinha; o das Pedras (Sapateiro); o Iguatemi, afl uente do Córrego das Pedras, pouco antes deste último desaguar no leito original do Rio Pinheiros; e fi nalmente o Córrego Verde. A Rua Clodomiro Amazonas, ex-Rua da Ponte, era uma importante trilha (Caminho dos Tropeiros), considerada via de ligação entre os sítios de Santo Amaro e do Itaí, cortando três desses riozinhos. Unia-se ao original percurso da Rua Iguatemi a ex-Estrada da Boiada, que atingia o Sitio de Pinheiros, transpassando os dois restantes ribeirinhos. A Rua Iguatemi, alterada em sua grande parte visando às ações de implantação da Av. Brig. Faria Lima, recebeu esse nome tupi por rodear lagoas que mantinham suas águas sempre esverdeadas. Em tupi, Iguatemi é o mesmo que “lagoas de águas muito verdes”.
      No inicial processo de loteamento, o Itaí limitava-se ao paralelogramo assim formado: parte final da agora Av. Nove de Julho; pedaço da Rua Chile; a Rua Anajás (Av. São Gabriel); parte da então estrada para o Sitio de Santo Amaro, transpondo o Córrego da Traição, atualmente debaixo da Av. dos Bandeirantes; descia em direção ao curvo Rio Pinheiros; seguia pelas margens do próprio, até próximo ao presentemente Bairro de Pinheiros. As glebas de maior valor ficavam no lado mais elevado da margem direita do agora canalizado Córrego do Sapateiro, vindas desde o início da estrada para Santo Amaro, ladeando o denominado Caminho dos Aliados, depois Rua do Porto, atual Rua Leopoldo Couto de Magalhães Jr. A porção mais baixa da margem esquerda do citado córrego ficava além da Av. Juscelino Kubitschek, área constantemente alagada, por isso desprezada, só se tornando valorizada à medida que os córregos que a cortavam foram paulatinamente transformados em avenidas, como na requisitadíssima Vila Olímpia e na disputada Funchal, antes vistas como um grande “charco”. No início do século XX (1914), as áreas consideradas “baixas” eram vendidas aos modestos imigrantes portugueses da Ilha da Madeira, como o carroceiro Policarpo Corrêa. As da Vila Funchal, entre os meandros marginais do Rio Pinheiros, foram compradas por famílias vindas de Funchal, incluindo um irmão do Sr. Policarpo, cuja esposa se chamava Olímpia. Sofreram recuperação com as obras de retificação do rio a partir da década de 25. Parte das terras do atual Morumbi pertenceu ao Itaim Bibi por localizar-se entre os meandros do Rio Pinheiros.
      O Sr. Arnaldo Couto de Magalhães, apelido Bororó, foi quem deu um sentido urbanístico à grande gleba herdada pelo seu pai, o “Senhor Bibi”, junto com diversos familiares, diferenciando-a de outro Itaim, lá de São Miguel Paulista, programando-o como “o Itaim do Bibi”. Essa urbanização, cujo objetivo era vender, dividiu-a em duas áreas: uma situada no pedaço da margem direita do Córrego do Sapateiro, na forma de lotes mais caros e metragem menor; já as terras da porção esquerda do leito do riacho, apresentam extensões bem maiores, porém de pequeno valor por metro quadrado. As vendas foram a prazo, efetuadas no escritório da Rua Líbero Badaró, ou em um ponto na Rua Joaquim Floriano, e posteriormente num quiosque ao lado da Capela de São Gabriel (Igreja São Gabriel). As prestações eram marcadas em simples cadernetas.
      Amigos e colaboradores. Estas descrições valorizam a histórica “Casa Sede do Sítio do Itaí”, reconstruída na migalha do original e enorme terreno, ou o que restou na Rua Iguatemi, anteriormente a “Estrada das Boiadas”, quase se encontrando com a Lapa, região denominada pelos tupiniquins de “Embo açava”, significando ““lugar por onde se passa”. Vamos lutar para que o edifício de paredes centenárias, erguido em “taipa de pilão”, patrimônio tombado, seja “aberto ao público”, oferecendo atuações visando o resgate das memórias e histórias paulistas e paulistanas, deixando apenas de ser “uma fechada velha casa”. Vamos atrás das sociedades civis da região, do IPHAN, do CONDEPHAAT, do CONPRESP, do DPH, dos órgãos de cultura, das instituições de pesquisa arqueológica, da própria Câmara Municipal, da Prefeitura, do Governo Estadual e dos Ministérios Públicos. Que tal denominar de “Casa da Cultura José Vieira Couto de Magalhães”, o nosso patrono, ou a “Casa das Jabuticabeiras”?. (Continua na próxima edição.)

(*) Helcias Bernardo de Pádua é biólogo, jornalista e presidente da AGMIB/Assoc. Grupo Memórias do Itaim Bibi, biólogo e professor. helciaspaduanova@yahoo.com.br







RECEITA DA DONA LOURDES

Camarão com coco ao molho de manga


Ingredientes:

800g de camarões grandes
1/2 xícara de farinha de rosca sem glúten
1 xícara de coco em flocos
2 dentes de alho picados
2 ovos grandes brancos
molho de manga
sal a gosto

Modo de fazer:
     
Pré-aqueça o forno a uma temperatura média. Descasque os camarões, mantendo as caudas. Corte cada camarão ao meio a partir da cauda, mas só a parte traseira. Numa tigela, bata os ovos, até espumar. Misture metade dos camarões, revestindo-os com os ovos batidos. Agora, revista-os com os fl ocos de coco, cuidando para haver aderência. Guarde essa porção e repita o procedimento com a outra metade dos camarões. Ponha os camarões numa assadeira forrada como papel-alumínio e leve ao forno. Depois de certo tempo, vire todos os camarões com uma pinça e devolva-os ao forno, assando-os até dourar. Se não encontrar o molho de manga, prepare-o. Rale as mangas e tempere com um pouco de sal. Deixe numa tigela à parte. Sirva o camarão com o molho de manga e arroz.

Rendimento: até 5 pessoas.







Plantão saúde natural:


Hemorroida

      Corte uma batata-inglesa como se fosse supositório e use-a com esse fi m, em lugar de um supositório qualquer.










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EMPREENDEDORISMO

Associação Comercial continua ciclo de palestras


      Desde o dia 9 de junho e nas terças-feiras seguintes, a Distrital Sudoeste da Associação Comercial de São Paulo vem realizando as chamadas Palestras do Comitê Jurídico, que visam ajudar os empresários a atravessar os atuais momentos de crise econômica.
      A primeira dessas palestras foi realizada pelo ex-superintendente da ASCP-Sudoeste, Dr. Ernani Parise, que recebeu elogios de todos os presentes dada a profundidade e a perspicácia da análise apresentada.
      A última do mês de junho, no dia 30, foi apresentada pelo vice-presidente geral da Associação, Dr. Roberto Mateus Ordine, que mostrou como a Associação Comercial pode ajudar o associado.
      Todas as palestras, oferecidas sempre às terças-feiras, às 20h, e continuam pelo mês de julho, têm como objetivo incentivar o empreendedorismo e apresentar subsídios para os empresários se sustentarem nessa fase difícil porque passa o país.
      Para participar é necessário inscreverse com antecedência: dsudoeste@ascp.com. br, fone 3032-8878. O endereço é Rua Alvarenga, 591.







Escolas municipais de São Paulo terão coral

      Em decisão arrojada, o Secretário Municipal de Educação de São Paulo, Gabriel Chalita, lançou no dia 15 de junho o projeto Canta São Paulo, que visa à formação de corais eem todas as Escolas Municipais de Ensino Fundamental, EMEFs. Para que a ideia se concretize, foi firmado acordo com a Secretaria de Cultura, para que os integrantes de Coral Paulistano Mário de Andrade oriente os professores das escolas municipais na montagem do coral de cada unidade.
      Os corais serão formados juntando alunos das várias séries. Como no antigo projeto de Villa- Lobos, soterrado pelo regime militar, o intuito é chegar a um grande evento reunindo os corais das várias escolas num grande estádio, como o Pacaembu, onde os jovens entoarão as mesmas canções, devidamente ensaiadas. No caso de Villa- Lobos, ele mesmo regeu o super-coral, composto por alunos de escolas do Rio, que se apresentaram dentro do Estádio do Maracanã. Na nova versão, o encontro no estádio poderia acontecer a cada final de ano, com transmissão por parte da TV Cultura e de outras emissoras, e também pela internet.





DIVERSÃO

BENJAMIN- o jogo dos noves-fora


 14  
5 35 
 7  8
3 91 
    4


      Preencha os algarismos que faltam na tabela de 25 números.
      * Multiplique dois números contíguos de cima para baixo.
      * Preencha o valor como operando ou como resultado.
      * Coloque o “noves-fora” do resultado, de 1 a 9.
      * Se há mais de uma opção de valor, escolhe-se o que dá menor.
      * Exemplo: em 5 ... 3, o valor é 6, pois 5x6=30 e 3+0=3, que é o noves-fora. (Prevenção contra AVC e mal de Alzheimer, inspirado no quadrado mágico; não é sudoku.) Resp.: pág. 4.









Aquicultura – Piscicultura - Qualidade das águas
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C.F.Biologia: 00683/01D - Jornalista: MTb 72270SP
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PATROCINADORES

CURSÃO – R. Dr. Silvio Dante Bertacchi, 429 - (11)3744-0196
PIZZARIA Dois Amigos – (11)3501-0451
Drogaria INDIANA – (11)3742-1011
MARCO CESAR Decorações - (11)3742-1845/ 8271-7937/ 9109-0879
SERRALHERIA HÉRCULES - (11)9839-2408
RITA&PATY - Soluções em Presentes - (11)4106-3021/ 2364-3630
JU COSMÉTICOS - R. Dr. Mário de Moura Albuquerque, 507 - (11)2634-7091
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WALKIRIA ROUPAS E LINGERIE - R. Áurea Batista dos Santos, 81 walkiriasouza75@gmail.com - (11)2809-9590

Nahu
NAHU Hostel - Rua Marinha de Moura Pimenta, 354, Butantã São Paulo - (11)2729-8000.

Tur-Regiani
RTS Turismo - retoursampa@gmail.com rotoursampa@gmail.com (11) 3501-6738 4999-3734 97266-0092.

 

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